Bulgária vê racismo de torcedores contra atletas do próprio time

Episódio no CSKA em que bananas foram atiradas resultou na saída do treinador Alan Pardew, que reprovou a atitude

FOLHA/LUíS CURRO


Casos de racismo no futebol europeu

​Casos de atitudes racistas no futebol ocorrem com frequência.

Semana sim, semana não, há notícia de que determinado jogador negro foi alvo de insultos de torcedores em algum campo de futebol mundo afora, inclusive em campeonatos importantes, como o da Argentina, o do Brasil, o da Itália, o da Inglaterra.

Ocorrem também situações de homofobia, com provocações da torcida alusivas à (falta de) masculinidade de determinado atleta, porém as mais marcantes referem-se mesmo à cor da pele.

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O padrão é o atleta ser visado por fãs da equipe adversária.

Via de regra, quando se trata do próprio time, o torcedor, mesmo sendo racista –infelizmente há um sem número de pessoas espalhadas pelo planeta que discriminam sem pudor os que não são ou pensam como elas–, tolera o jogador negro que veste a camisa da agremiação.

Na Bulgária, entretanto, torcedores do CSKA Sofia não se contiveram e atiraram bananas na direção de atletas negros do time antes da partida contra o Botev Plovdiv.

Os relacionados para esse jogo do CSKA que têm a pele negra foram os brasileiros Geferson (zagueiro, ex-Internacional) e Maurício Garcez (atacante, ex-Brusque), e os colombianos Jordy Caicedo e Brayan Moreno, ambos atacantes.

O episódio resultou na saída do treinador Alan Pardew, branco, e de seu assistente, Alex Dyer, que é negro. Os dois são ingleses e consideraram impossível continuar.

'Os acontecimentos na partida contra o Botev Plovdiv foram inaceitáveis, não só para mim como para Alex Dyer e para os jogadores [do time]', afirmou Pardew ao site do CSKA, que é o maior campeão do Campeonato Búlgaro, com 31 títulos.

Diante da ação dos torcedores racistas, CSKA Sofia x Botev Plovdiv esteve ameaçado de não ocorrer. Os atletas do CSKA, indignados, recusavam-se a jogar, em solidariedade aos colegas insultados.

Pouco depois, recuaram, e a partida, no estádio Balgarska Arimia, do CSKA, transcorreu sem novos incidentes e terminou em 0 a 0.

'Nossos jogadores decidiram jogar por lealdade ao clube', afirmou Pardew. 'Esse pequeno grupo de torcedores racistas organizados, que tentaram sabotar o jogo, não são torcedores para quem eu queira treinar um time. Esse não é o caminho correto para o CSKA.'

Com a decisão de se demitir, Pardew permaneceu como treinador do CSKA por pouco mais de um mês, em um total de somente seis partidas.

O Campeonato Búlgaro terminou com o Ludogorets campeão (o 11º título seguido). O CSKA, que não conquista a taça desde 2008, ficou em segundo lugar.



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