Técnicos no Brasil deliram com seus conhecimentos táticos

Em jogos dos melhores do mundo, não há alterações estranhas, que ninguém entende

CVNEWS/FOLHA


O Cruzeiro, do atacante Edu, joga um futebol simples, seguro, vibrante, como se cada partida fosse a última - Divulgação - 22.mai.22/Cruzeiro EC

Após vários anos, voltei ao Mineirão neste domingo (22), às 11h, para assistir, ao lado de meus filhos, netos, genro, nora e amigos, à vitória do Cruzeiro sobre o Sampaio Corrêa, pela Série B. Adorei, pela companhia de pessoas tão queridas e por ver de perto a belíssima festa da torcida, com quase 60 mil pessoas. Deu tempo ainda de retornar, de comer uma pizza e de ver o jogo entre Corinthians e São Paulo.

O Cruzeiro, bem dirigido pelo técnico uruguaio Paulo Pezzolano, joga um futebol simples, seguro, vibrante, como se cada partida fosse a última. A maioria das jogadas ofensivas é pelos lados, em velocidade, especialmente pela direita, com cruzamentos entre o goleiro e os zagueiros ou para trás, na entrada ou um pouco dentro da área, para os meio-campistas que chegam livres para finalizar, já que os zagueiros e os atacantes correm em direção ao gol.

No estádio, existe uma visão mais ampla do conjunto e do posicionamento dos jogadores, embora as imagens pela televisão sejam hoje bem abertas, para ver o jogo coletivo. Por outro lado, senti falta das informações, das opiniões e dos detalhes de imagens repetidas.

Notei o que já observo na Série A e na maioria das equipes brasileiras, uma preocupação excessiva de fazer um jogo intenso, rápido, o que é bom. Porém essa intensidade algumas vezes se confunde com pressa e com afobação, o que gera muitos erros de passe. Meio-campistas não são apenas para correr de uma intermediária à outra. São construtores, articuladores.

Além da intensidade, outra característica do futebol atual, em todo o mundo e muito mais ainda no Brasil, é o de analisar e de resumir as partidas de acordo com as intervenções dos treinadores, nas escalações e nas mudanças durante as partidas. Isso ficou bastante evidente durante e após o clássico entre Corinthians e São Paulo. Quase só se falou nos treinadores, como se fossem os donos do espetáculo, da história da partida.

Repito, em jogos de times do mesmo nível técnico, o primeiro tempo costuma ser diferente do segundo, independentemente da conduta dos jogadores, mesmo considerando que eles sejam importantes. Foi o que ocorreu durante a partida entre Corinthians e São Paulo. Cada um foi melhor em um tempo, embora o São Paulo tenha criado mais chances de gol.

Fora isso, as mudanças feitas por Rogério Ceni durante a partida, na maneira de jogar e na substituição dos dois melhores jogadores, Nestor e Reinaldo, não se justificam, por mais compreensíveis que sejam as razões apontadas pelo técnico, como a alteração tática ocorrida no Corinthians. Rogério quis ser mais estrategista que a estratégia.

Se Cássio não tivesse feito várias ótimas defesas, se Igor Gomes não tivesse perdido um gol na frente do goleiro, já no fim da partida, se o VAR não tivesse anulado o gol do Corinthians, por causa do nariz de Renato Augusto à frente, quando deu o passe para Jô, e por vários outros detalhes, as análises e o comportamento dos técnicos seriam diferentes.

Penso que os técnicos que atuam no país, brasileiros e estrangeiros, deliram com seus conhecimentos táticos. Assisti a todas as partidas dos três melhores times do mundo, Manchester City, Liverpool e Real Madrid, e não vi em nenhum jogo uma mudança surpreendente, estranha, que ninguém tivesse entendido. As alterações foram pontuais, esperadas.

Os grandes talentos, em todas as áreas, são os que tornam simples e claro o que é complexo e confuso.

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