Esportes
Futebol é um esporte de diversidade, de diferentes visões estratégicas
Jogo no campo é um teatro de emoções, de encontros e desencontros, como a vida
FOLHA
As torcidas das equipes que jogam em casa têm sido grandes destaques em todas as competições. A euforia dos torcedores brasileiros tem a ver com a saudade, a longa ausência dos estádios por causa da pandemia, e também com a reconstrução de várias equipes, como as que se tornaram sociedades anônimas, e com a paixão cada vez maior dos torcedores. Vários clubes, como São Paulo e Santos, são extremamente superiores jogando em casa do que fora.
Logo que terminou a partida com a vitória do Botafogo sobre o Fortaleza, o empresário John Textor, dono do Botafogo, eufórico, chorou, balançando a enorme bandeira do clube, em frente à torcida. Ronaldo vibrou intensamente, como na época em que fazia belíssimos gols, com a classificação do Cruzeiro, nos pênaltis, para as oitavas de final da Copa do Brasil.
John Textor parece uma mistura de empresário à procura de lucros com um marqueteiro que sabe valorizar seu trabalho e com um ser humano delirante, empolgado em reerguer o Botafogo.
O Botafogo, na Série A, e o Cruzeiro, na Série B, estão muito bem. Penso que, no Botafogo, Patrick de Paula deveria jogar como um volante que marca e chega à frente, não como um meia que arma e que volta para marcar. O Cruzeiro, diferentemente dos anos anteriores, é um time organizado, seguro, vibrante, que joga cada partida como se fosse a última.
Ainda é cedo para fazer prognósticos e ter uma análise definitiva sobre o Botafogo, o Cruzeiro e todos os outros times da Série A e da Série B. No futebol equilibrado, as vitórias estão muito próximas das derrotas. Falsas verdades mudam rapidamente. Com frequência, é impossível associar, com exatidão, os desenhos táticos e as estratégias ao desempenho e ao resultado.
Neste meio de semana, os times brasileiros jogam pela Libertadores e pela Copa Sul-Americana. Palmeiras, Atlético e Flamengo estão, no Brasileirão, aquém do que se esperava, especialmente o Flamengo. O fantasma de Jorge Jesus continua a rondar a Gávea e os treinadores. Na sexta-feira, dia 20, termina o prazo que Jorge Jesus deu ao Flamengo para recontratá-lo. Tudo é possível.
Independentemente do jogo de terça (17), pela Libertadores, penso que Bruno Henrique, com Jorge Jesus, era mais um meia-esquerda que entrava em diagonal para finalizar e fazer dupla com Gabigol, enquanto Arrascaeta era o meia pelo lado, com liberdade, que armava e voltava para marcar. Agora, é o contrário. Arrascaeta é o meia ofensivo, pelo centro, próximo a Gabigol, enquanto Bruno Henrique atua como um ponta, atacando e defendendo. Ficou melhor para Arrascaeta, mas pior para Bruno Henrique e para o time.
O Atlético, com Cuca, também era um pouco diferente. O técnico, geralmente, escalava o meia Zaracho e deixava Nacho na reserva, para entrar no segundo tempo. O time tinha mais um atacante rápido pelo lado, que voltava para marcar ao lado dos dois volantes, formando uma linha de quatro. Com o técnico Turco Mohamed, Nacho e Zaracho atuam juntos, os dois centralizados, sem marcar pelos lados. A equipe fica mais embolada pelo meio e mais desprotegida pelos lados.
Diferentemente do que ocorre na estrutura individualista do futebol e do país, polarizada e empobrecida, em todos os sentidos, em que as pessoas só escutam, enxergam e entendem o que lhes interessa, o jogo no campo é um esporte de diversidade, de diferentes visões estratégicas, um teatro de emoções, de encontros e desencontros, como é a vida.