Pecuarista leva prejuízo de R$ 33.700,00 em único abate

COMPRE RURAL


Foto: Gilson Paulo Costa

Em mais um dia de fechamento das cotações, o mercado físico de boi gordo voltou a registrar preços mais baixos em importantes praças de produção e comercialização do Brasil. Com o ambiente de negócios ainda sugerindo por novas quedas dos preços no curto prazo, em linha com o crescimento da oferta de boiadas no Centro-Sul – escalas em torno de 10 dias úteis. Prejuízo dentro da porteira segue crescendo neste momento.

O mercado, porém, tem grande impacto quando a questão é a relação oferta e demanda. Atualmente, a grande oferta diante da demanda mais acometida por parte da indústria tem favorecido as quedas das cotações. Já no médio prazo, segundo o levantamento realizado pelo Compre Rural, o cenário deve se inverter e garantir uma alta de R$ 15 a R$ 25,00/@.

“O avanço da frente fria pelo país é um elemento importante a ser considerado, pois reduz a capacidade de retenção dos pecuaristas, aumentando o volume de animais. Os frigoríficos não encontram dificuldades na composição de suas escalas de abate neste momento. A tendência é que haja condições mais favoráveis a alta nos preços da arroba apenas no início da entressafra, período em que a oferta não será tão abundante e muito possivelmente haverá bom estímulo a exportação de carne bovina', disse.

No mercado paulista, a pressão de baixa perdura e as escalas de abate confortáveis permitem que os compradores testem preços menores. Assim, o boi gordo é negociado por R$309,00/@, a vaca gorda por R$276,00/@ e a novilha gorda por R$305,00/@, preços brutos e a prazo.

O preço para o boi China recuou para o patamar de R$315,00/@. Segundo o App da Agrobrazil, pecuarista de Rancharia, no interior paulista, registrou preço de R$ 315,00/@ com pagamento à vista e abate para o dia 27 de maio.

Já o Indicador do Boi Gordo CEPEA, registrou grande desvalorização na comparação diária, uma queda de 4,99% – queda de 8,24% na comparação mensal. Desta forma, os preços saltaram de R$ 323,40/@ para o patamar de R$ 307,45/@, ou seja, uma desvalorização de R$ 16,05/@. A cotação em dólar, ainda segundo a instituição, ficou apregoada a US$65,44/@. Confira o gráfico abaixo!

Esse cenário, apenas com a desvalorização de ontem, os pecuaristas que trabalham vendendo os animais com o Cepea como referência para os preços pagos pela boiada gorda, tiveram um grande prejuízo. Em conversa com o pecuarista Robson, no interior paulista, ele perdeu R$ 337,00 por boi enviado para o abate. Ao negociar seus animais, sempre atrelado ao preço base CEPEA, o carregamento com média de 21@, trouxe um prejuízo de R$ 33.700 no faturamento.

O tempo seco em regiões do Brasil Central, além do clima extremamente frio em algumas áreas pecuárias – com risco até de formação de geadas severas –, estimula a venda dos últimos lotes de boiadas terminadas a pasto, relata a IHS. “Esse ambiente de descompasso entre oferta e demanda tem fundamentado a continuidade nas quedas dos preços em todas as praças pecuárias do Brasil', reforça a consultoria.

O mesmo cenário foi observado em Goiás, acrescenta a consultoria (veja abaixo os detalhes sobre a movimentação atual dos preços do boi gordo e da vaca gorda nas principais praças do País, segundo o levantamento diário da IHS.

Segundo a IHS, o consumo doméstico de carne bovina permanece fraco e irregular, um reflexo da forte valorização nos preços dos cortes bovinos ao longo dos últimos anos, fundamentada principalmente pela pressão inflacionária durante o período de pandemia e pela desvalorização do real frente ao dólar.

As exportações brasileiras de carne bovina seguem registrando bom desempenho neste ano, sobretudo à China. Segundo dados da Secex, nos quatro primeiros meses de 2022, foram embarcadas 710,99 mil toneladas de produtos de origem bovina (in natura, industrializada, miúdos entre outros), volume 27% maior que o do mesmo período de 2021.

Para a China, especificamente, os envios de carne bovina somaram 341,39 mil toneladas nos quatro primeiros meses de 2022, forte crescimento de 37% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Diante disso, a China foi destino de 48,02% do total de carne bovina exportado pelo Brasil neste ano, acima da parcela observada no mesmo período de 2021, que era de 44,62%, e também da verificada em 2020, de 37,1%, ainda de acordo com dados da Secex.

No mercado atacadista, os preços da carne bovina ficaram estáveis. Segundo Iglesias, o ambiente de negócios ainda sugere alguma queda de preço no curto prazo, em linha com a reposição mais lenta entre atacado e varejo durante a segunda quinzena do mês, período que conta com menor apelo ao consumo. O padrão de consumo definido para 2022 ainda remete ao consumo de proteínas mais acessíveis, a exemplo do frango e dos ovos.

O quarto traseiro seguiu com preço de R$ 23,20 por quilo. O quarto dianteiro seguiu no patamar de R$ 16,20 por quilo. A ponta de agulha seguiu precificada a R$ 16,30 por quilo.



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