Queda nas exportações brasileiras aos EUA expõem impasse nas negociações

Com retração de quase 40% em outubro, Amcham vê impacto direto das tarifas americanas e cobra ação imediata para destravar o comércio entre os dois países.

OPR


Fotos: Claudio Neves

As exportações brasileiras para os Estados Unidos despencaram 37,9% em outubro, marcando a maior queda desde a entrada em vigor das tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros, impostas por Washington em agosto. É o terceiro mês consecutivo de retração, sinal de que as medidas vêm impactando com força o comércio bilateral e acendendo o alerta entre empresas e autoridades econômicas dos dois lados.

O dado, divulgado pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio), reforça o efeito negativo das tarifas sobre cadeias produtivas integradas, investimentos e geração de empregos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Além dos custos impostos, o cenário é agravado por uma menor demanda norte-americana e pela queda nos preços internacionais de commodities como petróleo e derivados, principais itens da pauta de exportação brasileira para o país. “É hora de agir”, alerta Amcham Brasil

Para a Amcham, o momento exige ação diplomática coordenada e imediata. “A forte contração nas exportações brasileiras para o mercado americano em outubro reforça a urgência de uma solução para normalizar o comércio bilateral”, afirma Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, ressaltando: “É essencial que o valioso impulso político gerado pelo recente encontro entre os presidentes Lula e Trump seja aproveitado para alavancar avanços concretos nas negociações entre os dois países.”

Segundo Neto, o diálogo político de alto nível precisa se traduzir em resultados práticos para reduzir barreiras, restabelecer a previsibilidade comercial e fortalecer a competitividade das empresas brasileiras no maior mercado consumidor do mundo.

Os efeitos das tarifas não se limitam ao volume de exportações. A Amcham destaca que a restrição ao comércio atinge diretamente cadeias produtivas integradas, que dependem de fluxos constantes de insumos e componentes industriais entre os dois países. Empresas dos setores automotivo, químico e metalúrgico, entre outros, já sentem os impactos da perda de competitividade e do aumento de custos logísticos e operacionais.

Economistas e analistas de comércio exterior também alertam que a redução nas exportações pode inibir novos investimentos e dificultar o planejamento de longo prazo das companhias brasileiras que operam com foco no mercado norte-americano.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e um destino estratégico para produtos industrializados, especialmente em comparação ao perfil mais concentrado em commodities das exportações ao mercado asiático.

Por isso, o recuo expressivo nas vendas brasileiras preocupa o setor privado e acende o debate sobre a necessidade de revisão das tarifas impostas e de um acordo comercial mais abrangente, que promova previsibilidade, redução de custos e ampliação de oportunidades mútuas.

A Amcham Brasil reafirmou seu compromisso em colaborar com os governos e o setor privado na busca de soluções que restabeleçam o equilíbrio e fortaleçam a parceria econômica Brasil–Estados Unidos.

A entidade defende que as negociações bilaterais avancem rapidamente, aproveitando o atual momento político para evitar danos duradouros à competitividade brasileira. “O comércio bilateral Brasil–EUA é uma via de mão dupla. Avançar em previsibilidade e transparência é essencial para garantir crescimento sustentável e geração de oportunidades para ambos os países”, reforça Abrão Neto.



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