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A 'culpa' é só de Carille? Veja números e opiniões sobre momento do Santos na Série B
Peixe é vice-líder, tem melhor saldo de gols e não perde há sete jogos, mas tem desempenho questionado e vê técnico entrar na mira da torcida; comentaristas explicam os dois lados
CVNEWS/REDAçãO
O Santos vive um momento curioso na temporada: em que pese o time estar na vice-liderança da Série B do Brasileirão, o trabalho do técnico Fábio Carille vem sendo duramente criticado pela torcida, a ponto de o comandante ter entrado e saído vaiado de campo na Vila Viva Sorte em todos os jogos recentes.
Mas, afinal, a culpa da frustração alvinegra é só do treinador? Os torcedores têm razão em estarem tão chateados com o comando técnico da equipe?
O ge, então, apresenta os números do Peixe no ano e debate as expectativas geradas em cima do desempenho do Santos antes do início da Série B e o que Peixe conseguiu entregar até aqui.
Metas serão cumpridas
Em um ano atípico, de apenas dois campeonatos para disputar, o Santos tinha duas metas básicas a serem cumpridas em 2024: disputar o Campeonato Paulista de forma bem mais competitiva do que nos anos anteriores, chegando à fase de mata-mata, e conseguir o acesso à elite na Série B.
O ano caminha para que as duas metas sejam cumpridas por Carille: o Peixe foi vice-campeão do estadual em uma ótima campanha até a final contra o Palmeiras, e tem mais de 90% de chances de conseguir o acesso, restando dez jogos para o fim da temporada.
Mais do que isso, entrega números consistentes:
É o time com mais vitórias na competição, empatado com 14 ao lado do Novorizontino; É a melhor defesa da competição, com apenas 20 gols sofridos; É quem tem melhor saldo de gols, totalizando 21; É o segundo time a mais marcar gols, com 41 contra 45 do Ceará; É o segundo time que menos perdeu, com seis derrotas contra cinco do Novorizontino.
Os números poderiam ser ainda melhores se o Santos não tivesse perdido 11 pontos em casa nos últimos jogos: empates com Sport, Amazonas, Ponte Preta e Novorizontino e derrota para o Avaí. Se tivesse transformado a Vila em Alçapão, como no passado, o Peixe já teria até garantido o acesso.
DNA's diferentes
Um dos pontos fundamentais que distanciam Carille do torcedor santista: enquanto cumpre rigorosamente as metas traçadas, o Santos tem sido um time burocrático, de pouco brilhantismo e muito pragmatismo. As características do comandante não se assemelham ao que a torcida gostaria de ver em campo.
Ao ge, a comentarista da Globo Alline Calandrini falou sobre isso.
– É importante salientar características do Carille. É um treinador que se destacou por conseguir entregar defesas sólidas. Na grande maioria dos jogos se comporta bem. É um ponto positivo. Mas a escolha do perfil do treinador no início da temporada coube ao clube. Talvez a característica do treinador não tenha encaixado com o DNA do clube até então – ponderou Calandrini.
Carille também opta frequentemente por mexer de forma pouco perceptível aos olhos do torcedor no time titular. Por exemplo, considera uma mudança tática importante liberar ou prender os laterais e equilibrá-los com os volantes, mas, regularmente, troca "seis por meia dúzia" nas substituições.
– A expectativa do torcedor era alta pelo tamanho do clube, seu DNA, a folha salarial do elenco e o retrospecto no Paulista em 2024. Por tudo isso entrou como favorito na Série B. Acho natural oscilar na temporada, ainda mais na Série B, que é bem complicada. Mas tem pontos que a equipe não consegue evoluir durante a competição e talvez isso irrite o torcedor. Nas transmissões sempre cito a falta de repertório tático da equipe. Isso limita soluções quando o cenário não é bom ou é preciso mudar durante a partida.
– Acredito que poderia arriscar algo mais ousado na estrutura de jogo mesmo ou com peças diferentes. Aí também acho que poderia dar mais espaço para os atletas da base. Acho um Santos previsível na Série B. A equipe tecnicamente é superior às outras, mas dentro de campo falta isso ser mostrado de forma coletiva – completou.
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"A culpa nunca é só de um"
Já para o comentarista Alexandre Lozetti, todos podem entregar mais nesta reta final de Série B: elenco, comissão técnica e, também, diretoria. Nesse sentido, se o Santos joga de forma burocrática de se ver, a culpa não é só do comandante, mas de quem o contratou já conhecendo seu estilo e de quem executa em campo o que foi treinado na semana.
– Nunca, em momentos de instabilidade como o do Santos, a culpa é somente de uma pessoa. O clube vem de gestões terríveis, contrata reforços de baciada, muitas vezes sem critério, e não chegou à Série B por causa de um ou outro treinador. Carille tem feito um trabalho com sua identidade, seu perfil de montar times pouco dispostos a correr riscos. Muito provavelmente, levará o Santos de volta à elite, mas sem ter praticado, até aqui, um futebol vistoso, de imposição, compatível com o que se esperava de uma equipe tão grande em sua primeira vez na segunda divisão – resumiu.
– É difícil, atualmente, jogar muito bem sem correr riscos. Sem ter zagueiros que conduzam a bola até o limite do confronto com o marcador para poder dar um passe vertical. Sem uma pressão sufocante na saída de bola do adversário. Sem velocidade nas movimentações. O Santos tem se exibido protocolarmente. Seu elenco pode mais. Ao enfrentar adversários que também não se arriscam, afinal, do outro lado está o Santos, essa postura gera partidas enfadonhas, atuações que não conseguem explorar o melhor de cada jogador. Nessa reta final de Série B, todos podem entregar mais. Do treinador aos jogadores, passando pela gestão.
Ainda vice-líder da Série B, o Santos volta a campo para tentar mudar esse cenário no próximo sábado, quando recebe o Operário-PR, às 18h (de Brasília), na Vila Belmiro.