Que as conversas com Guardiola tragam benefícios a Rogério Ceni

Há várias maneiras de jogar bem e de vencer, mas a do treinador catalão é mais encantadora, bonita e eficiente

FOLHA


Luan não teve uma boa passagem pelo Corinthians - Rodrigo Coca - 29.mai.21/Ag. Corinthians

Está mais difícil acompanhar e entender o número enorme de contratações realizadas pelos clubes brasileiros do que compreender e saber o futuro da inteligência artificial. Tudo é incerto.

Quando a bola rolar por várias semanas, as análises sobre os times e os novos jogadores estarão mais próximas da realidade. Não podemos endeusar as equipes e atletas por causa de brilharecos nem fazer duras críticas antes de as equipes se prepararem melhor. É preciso dar tempo à razão.

As coisas vão e voltam no futebol. Com frequência, um jogador brilha em um clube, ganha prestígio, é negociado por muito dinheiro e se apaga em outro clube. São as incertezas do futebol associadas às análises equivocadas. Nem tudo o que parece é.

Luan, que foi eleito o melhor jogador da América quando o Grêmio foi campeão da Libertadores, desapareceu em campo, mesmo ainda sendo jovem, no último ano jogando pelo Grêmio, e mais ainda quando foi para o Corinthians. Luan foi contratado nos últimos dias pelo Vitória, que volta neste ano para a primeira divisão do Brasileirão.

O que teria ocorrido com Luan? Ele não é o único. Todos procuram uma explicação, e muitos acham que pode ser depressão, como tem sido frequente com outros atletas. Porém Luan sempre tem o mesmo comportamento nas entrevistas, no auge ou na fase de declínio. Ele, como sempre, fala que está bem e que vai fazer tudo para brilhar no Vitória. Tomara!

Ou o raciocínio poderia ser o contrário, o de que o verdadeiro atleta Luan seria o do Corinthians e que seu esplendor técnico no Grêmio teria sido atípico, passageiro, decorrente da associação de vários fatores circunstanciais positivos?

Apesar de os principais clubes brasileiros terem ótimos profissionais nas comissões técnicas, que pesquisam, mapeiam com dados científicos todas as informações sobre os jogadores que pretendem adquirir, existem muitas contratações equivocadas por erros nas avaliações ou devido às incertezas do futebol. Contratação boa é a que dá certo.

O Corinthians, campeão da Copinha, está perdido na formação do elenco com uma série de contratações, algumas caras, que parecem não ter futuro. O treinador Mano Menezes e a torcida estão preocupados. No ano passado, o time estava ruim, mas há sempre jeito de ficar pior. Romero, jogador dinâmico e com muita disciplina tática, merece elogios. Ele é um bom coadjuvante, porém não pode ser a referência técnica principal da equipe.

Estou curioso para ver o Bahia neste ano. O clube, após passar a fazer parte do grupo City, contratou vários bons jogadores, especialmente Everton Ribeiro, que ainda brilharia em qualquer grande clube brasileiro. O Bahia realizou a pré-temporada de preparação nas instalações do Manchester City, na Inglaterra.

Espero que as conversas entre o técnico Rogério Ceni e Guardiola tragam benefícios ao treinador e ao Bahia. Os estilos dos dois técnicos são diferentes. Enquanto Guardiola prioriza a posse de bola, a troca de passes desde o goleiro, a lucidez para esperar o momento certo de tentar a jogada decisiva para fazer o gol, os times dirigidos por Ceni são geralmente apressados, ansiosos, com transições rápidas da defesa para o ataque.

Há várias maneiras de jogar bem e de vencer, mas a de Guardiola é mais encantadora, bonita e eficiente. Parafraseando o poeta Ferreira Gullar, a arte e a beleza do futebol só existem porque o resultado não basta.



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