Política
Carlos Bolsonaro é alvo de nova operação da PF sobre informações monitoradas ilegalmente pela Abin
Agentes realizam buscas para apurar quais seriam os destinatários dos dados obtidos pelo suposto esquema
R7, E CLéBIO CAVAGNOLLE, DA RECORD, EM BRASíLIA
A Polícia Federal realiza nesta segunda-feira (29) operação para investigar monitoramento ilegal da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro. O R7 apurou que um dos alvos da operação é o filho do ex-presidente e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e também assessores dele. A reportagem apurou que a casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro são alvos das buscas. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Veja os principais pontos e o que se sabe até agora sobre a investigação da Polícia Federal de um suposto esquema de espionagem dentro da Abin (Agência Brasileira de Inteligência)
Antônio Cruz/Agência Brasil (topo esq.); Tomaz Silva/Agência Brasil (topo dir.); Reprodução/Record Brasília (esq. emb.) e Marcelo Camargo/Agência Brasil (dir. emb.)
A suposta organização investigada pela PF teria monitorado, sem autorização, autoridades brasileiras. Segundo as investigações, o programa 'First Mile' permitia vigiar até 10 mil celulares por ano
José Cruz/Agência Brasil
O operador do programa só teria que digitar o número da pessoa para ter acesso às informações. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados
Tânia Rêgo/Agência Brasil
No dia 25 de janeiro de 2024, a PF realizou buscas em endereços ligados ao deputado federal e ex-diretor da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ)
Bruno Spada/Câmara dos Deputados – 17.10.2023
Foram cumpridos 21 mandados em Brasília, Juiz de Fora, São João del Rei e Rio de Janeiro. Além de Ramagem, outros sete policiais federais foram afastados dos cargos
Reprodução/Record Brasília
Segundo fontes ligadas à PF, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular.
Rosinei Coutinho/SCO/STF e Nelson Jr./SCO/STF
Os investigadores acreditam que o apontou a atuação de três núcleos de espionagem ilegal na Abin. Eram eles: Cúpula, que contava com um subgrupo, Evento-Portaria 157 e Tratamento-Log.
Divulgação/Polícia Federal
A Polícia Federal também trabalha com a suspeita de que a agência foi usada para ajudar filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações judiciais em tramitação na Justiça
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
As buscas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O ministro negou a suspensão da atividade parlamentar de Ramagem durante o andamento do inquérito
Gustavo Moreno/SCO/STF - 7.11.2023
A operação do dia 25 de janeiro também afastou sete policiais federais das funções. No mesmo dia, alguns dos investigados prestaram depoimento na superintendência em Brasília
PF/Divulgação
Após a operação, o líder do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), trocaram ofensas.
Beto Barata e Jefferson Rudy/ Arquivo
A nova operação tem como foco descobrir os possíveis destinatários das informações obtidas ilegalmente pelo suposto grupo, que monitorava autoridades brasileiras - entre eles, os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
A reportagem entrou em contato com a defesa do parlamentar e aguarda resposta. O espaço permanece aberto.
Na última quinta-feira (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão. O gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados foi um dos endereços visitados pelos agentes.
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.
A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial'.
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Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Na época, a PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.
Na quinta (25), os agentes apreenderam celulares e notebooks no apartamento funcional do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) . O R7 apurou que um notebook e um celular ainda pertencem à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem é um dos alvos de uma operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas do órgão.
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As investigações apontam indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo após deixar o comando do órgão. O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas, assim como endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A casa e o escritório do deputado também foram alvos da ação. Ramagem deve prestar depoimento na sede da PF.
A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
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